China suspende entregas da Boeing após tarifa de 145% dos EUA
Medida chinesa inclui bloqueio a peças e suporte para companhias afetadas; Boeing perde valor e vê futuro ameaçado no país asiático.

A China ordenou que suas companhias aéreas interrompam o recebimento de jatos da fabricante americana Boeing, em retaliação às novas tarifas de 145% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses. A informação foi divulgada pela Bloomberg nesta terça-feira (15).
Além disso, o governo chinês solicitou que as transportadoras suspendam a compra de peças e equipamentos aeronáuticos de empresas dos EUA — uma medida que pode gerar aumento nos custos de manutenção de aeronaves já operantes no país.
Ainda de acordo com a reportagem, a China está estudando formas de apoiar financeiramente as companhias aéreas que alugam jatos da Boeing e agora enfrentam um salto nos gastos devido às novas tarifas.
A decisão representa um golpe significativo para a Boeing, que considera a China um mercado crucial para seu crescimento, especialmente diante da forte presença da concorrente Airbus e da ascensão da fabricante local COMAC.
As três maiores empresas aéreas chinesas — Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines — tinham planos de incorporar, juntas, 179 aeronaves da Boeing até 2027. Com a suspensão, esses planos estão ameaçados.
O impacto já se refletiu no mercado financeiro: as ações da Boeing caíram 2% no início do pregão. A empresa, que também enfrenta consequências de um incidente com uma aeronave em 2023 e de uma recente greve, perdeu mais de um terço de seu valor nos últimos meses.
A tensão faz parte de uma guerra comercial mais ampla entre as duas potências. Na semana passada, a China elevou suas tarifas sobre produtos americanos para até 125%. Especialistas alertam que o prolongamento do embate pode afetar gravemente o comércio bilateral, que ultrapassou US$ 650 bilhões em 2024.
A Boeing, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
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